Colon deu um Novo Mundo a Espanha a pedido de D . João II
D . João II Rei de Portugal.
A História diz-nos que o descobridor da América , Cristóvão Colon , nasceu pobre , filho de um tecelão genovês que sempre sonhou em navegar , mas passou a juventude e os primeiros anos de idade adulta a cardar lã e em pequenos negócios , incluindo comércio de vinho . Um dia já embarcado , naufragou numa batalha no mar ao largo do Algarve e conseguiu nadar para a costa portuguesa , tendo de imediatamente a seguir rumado a Lisboa , onde estranhamente , já viviam dois dos seus irmãos , Baltazar e Diogo , que trabalhavam como cartógrafos e falavam em português e escreviam em latim , (mas que nunca tinham naufragado nem se sabia de onde vinham , nem quem era a sua família) , todos filhos de um pobre tecelão de Génova .O pobre rapaz também escrevia em latim e sabia falar português , como os portugueses , mas de italiano não dizia nem escrevia quase nada nem com os irmãos falava nessa língua . Aliás , anos mais tarde , quando se mudou para Espanha nunca foi tratado por italiano e há registos de que era conhecido por «EL portugués » , incluindo num registo de um pagamento oficial de um financiamento das suas duas viagens dos Reis Católicos . Depois de ter regressado da primeira viagem às Caraíbas ,numa carta aos reis espanhóis .
D . Fernando e D. Isabel de Castela
Colon chega mesmo a referir-se a Portugal como a «minha terra» .
Que estranha história ! Para alguém que teria nascido italiano, mas não falava a sua língua materna , falava português em Portugal e uma mistura de português e espanhol em Espanha , o popular « portunhol » E nem sequer se chamava Colombo , todos os documentos que o referem , incluindo escritos pelo Papa , dizem que se chamava Xpoval Colon. Além do latim , sabia matemática , cosmografia , astronomia ...Um tecelão culto que também comerciava em vinhos . Depois de alguns anos passados em Portugal supostamente a tentar convencer o rei a financiar uma viagem para ocidente para chegar às Índias , coisa que D João II sempre terá recusado , em 1485 , Colon teve de sair apressadamente do País porque foram alegadamente descobertas ligações suas com um grupo de traidores que conspiraram contra a vida do monarca. De facto ,eu sempre tinha lido e ouvido dizer que Colon , um genovês residente em Lisboa , era um traidor que fugira de Portugal por suspeita de conluio num plano contra o rei e que levara consigo muitos segredos de navegação lusitana . Esses segredos foram partilhados por Colon com a Junta dos Cosmógrafos e com os monarcas espanhóis Fernando e Isabel .Colon demorou sete anos a convencer os Reis Católicos de que era possível atingir a China e a Índia navegando para ocidente e estes financiaram a viagem , que acabou por coroar de glória o navegador e os reis espanhóis devido à descoberta da América. Praticamente todos os cidadãos do mundo aprenderam noa bancos da escola ou ouviram dizer em algum momento das suas vidas que o italiano Cristovão Colon descobriu a América em 1492 ao serviço dos reis de Espanha . A afirmação é verdadeira no sentido de o termo descobrir ,usado no século XV ,que significa explorar . De facto , Cristovão Colon explorou pela primeira vez oficialmente as ilhas e costas da região americana das Caraíbas , a mando dos Reis Católicos de Espanha , dando origem a um movimento de exploração ,colonização e conquista de um novo continente , o Novo Mundo , sem paralelo na História da Humanidade . Neste sentido , o nome de Cristóvão Colon merece figurar em letras de ouro na História Universal e na História Oficial de países como Espanha ,os Estados Unidos da América e outros países das Américas. As descobertas oficiais portuguesas no continente americano , do Brasil por Pedro Álvares Cabral .
e da Terra Nova por Miguem Corte Real , datam de 1500 , oito anos depois .E , pelo menos , uma outra viagem oficial de descobrimento já tinha sido feita pelo italiano João Caboto ao serviço do rei de Inglaterra em 1497 (logo contestada por D . Manuel I
Colon foi assim o descobridor oficial da América , justamente reconhecido , e sobre isso não há dúvida nenhuma. O que nem todos os cidadãos aprenderam na escola nem ouviram dizer é que realmente ,nas duas primeiras viagens , Cristóvão Colon só visitou ilhas das Caraíbas e que só chegou às costas do continente americano na terceira viagem, em 1498 , quando foi procurar uma grande terra firme de que o rei português D . João II tinha falado .O que nem todos os cidadãos , sabem é que , logo no regresso da primeira viagem , Colon não voltou diretamente para Sevilha , em Espanha , de onde tinha saído mas veio para Lisboa através da ilha de Santa Maria .
Noa Açores ,onde o capitão João de Castanheira ( de Catanheira do Ribalejo ) o foi visitar porque o conhecia muito bem » A seguir , invocando um tempestade que não existiu , Colon apontou a proa do navio para a foz do Tejo ,sendo efusivamente saudado pela população quando passou em frente de Cascais . Fundeou a nau em Belém ,
no mesmo sítio onde D. Manuel I haveria de mandar erguer a Torre de Belém , e seguiu para Vale do Paraíso , no atual concelho da Azambuja , onde o rei estava acampado .A história deste (re) encontro tem uma versão oficial em que Colon terá sugerido que se o rei português tivesse acreditado nele e o tivesse mandado descobrir as Índias , a glória da sua descoberta teria pertencido a D .João II. Como o monarca não acreditou nele , Colon acabou por ser forçado a dirigir-se a Espanha e os reis espanhóis acabaram por ficar com a glória da descoberta da América.
A História Oficial de Portugal regista que o rei de Portugal terá dito que já conhecia as terras visitadas por Colon e que estas lhe pertenciam e por isso as ia reclamar junto dos reis de Espanha . A História também regista que perante a atitude aparentemente arrogante e grosseira de Colon , os conselheiros reais disseram que era melhor acabar logo com ele ali no local ( matá-lo) , mas o rei mostrou-se magnânimo e não deixou que isso acontecesse
.( Terá sido o próprio rei a ditar esta versão ao cronista de serviço , Rui de Pina ,uma vez que o navegador saiu do local de boa saúde , tal como tinha entrado ? ) . No regresso , em direção a Lisboa , Colon passou no Convento de Santo António de Castanheira do Ribatejo , onde foi visitar a rainha a pedido expresso desta.
Convento da Castanheiro hoje ao abandono , começou por ser saqueado pelos franceses.
O que a maior parte das pessoas também não sabe , porque nenhuma História Oficial de nenhum país envolvido nesta história lhes explica isso, é que a descoberta das Índias Ocidentais se tornou imediatamente conhecida na Europa porque D. João II terá mandado publicar cópias da carta que Cristóvão Colon escreveu a Luis de Santaguel , ainda em Lisboa ou durante a própria viagem antes de aqui chegar , sobre a sua descoberta do outro lado do Atlântico . De facto , os reis Fernando e Isabel ficaram a saber do resultado da viagem de Colon por terceiros , antes de o navegador ter tempo de lhes fazer pessoalmente o relato . E mesmo que a divulgação daquela carta em março de 1493 não tivesse acontecido , logo em maio do mesmo ano , o próprio D. João II escrevia a Fernando de Aragão sobre a descoberta de Colon , de que « convenientemente » fez publicar cópias por toda a Europa. Que interesse poderia o rei de Portugal ter na divulgação imediata da descoberta de Colon é uma pergunta a que os ortodoxos historiadores oficiais de Portugal nunca responderam. Tal como nunca explicaram que interesse teria Colon em vir imediatamente contar a D. João II o que tinha encontrado do outro lado do Atlântico e como tinha corrido a viagem . Na verdade , os reis espanhóis e o rei de Portugal eram, se não inimigos , pelos menos concorrentes ferozes pela partilha do « mar oceano » e a relação de proximidade entre Colon, navegador ao serviço dos primeiros ,e D. João II não encaixa neste padrão de hostilidade mútua . O que também não encaixa e nem sequer consta da História Oficial dos dois países ibéricos é que no regresso da segunda viagem às Antilhas das Caraíbas , Colon voltou a apontar a proa da caravela a Portugal , desta vez à foz do rio Mira , em Vila Nova de Milfontes .Fernando Colon escreve que, embora os pilotos das caravelas Nina e Índia estivessem
completamente perdidos ,Colon sabia muito bem onde estava e para onde se dirigia e fez mesmo questão de anunciar na noite anterior onde iam atracar . Mandou preparar o navio para a chegada a terra « moderando a fúria das velas » . Entrou no rio Mira pela foz em Vila Nova de Milfontes , subiu o rio , atracou e dirigiu-se a Odemira
onde passou duas ou três noites , pois só a 11 de junho de 1496 chegou a Cádis . A grande dúvida está em saber o que foi fazer , com quem falou e que informações transmitiu aos portugueses . Sendo navegável até perto de Odemira , este rio foi um importante meio de transporte e comunicação com o interior do Alentejo . Por volta de 1319 , o porto de Odemira já era destacado pela sua importância para transportar produtos para outros reinos , como a França . Ao longo das suas margens desenvolveram -se muitas atividades como a moagem em moinhos de maré , pescarias e transformação de pescado . Desde os tempos do almirante Pessanha , o italiano que organizou e modernizou a frota portuguesa .
Odemira tinha sido um ponto de defesa contra ataques de piratas .Milfontes foi várias vezes atacada e completamente devastada em meados do século XV . D .João II refundou-a em 1486 , elevando -a à categoria de vila - tornando -se mais tarde em Vila Nova de Milfontes , já com D . Manuel I . Para além da família Pessanha , várias famílias nobres portuguesas tinham ligações muito fortes a Odemira e à região .Poderá estar numa dessas famílias a chave para descobrir a razão pela qual Colon , em 1496 , escolheu intencionalmente aportar a esta povoação no seu regresso da América . Poe exemplo , a família de Estevão da Gama , pai do célebre Vasco da Gama , que era senhor de Colos ( Odemira ) e comendador do Cercal da Ordem de Santiago ( de recordar que Colon desfraldou a bandeira da Ordem de Santiago com a célebre cruz de cor verde em fundo branco .
á chegada às Antilhas das Caraíbas , e que o Convento de Santos , onde Colon conheceu e casou com D. Filipa Moniz Perestrello , tinha sido sede da Ordem de Santiago ) ; a família dos Bragança , que patrocinou o Convento de Santo António em Odemira ; a família dos Moniz , a que pertencia D. Filipa Moniz Perestrello , mulher de Colon. Recorde-se que na ida de Colon para a quarta e última viagem às Índias Ocidentais , este fez um desvio significativo da rota para ir até Arzila , em Marrocos , socorrer os portugueses que se encontravam cercados pelo rei Fez , entre os quais estava Pedro Moniz da Silva , primo de D. Filipa Moniz Perestrello .Já antes , em 1498 , na terceira viagem às Índias Ocidentais na qual foi explorar a costa norte do continente sul-americano , nomeadamente da atual Venezuela , Colon passou por Porto Santo e pela Madeira onde teve «muy buen recibimiento «. Escreve o historiador Bartolomeu de las Casas , na História das Índias , citando a Relação da Terceira Viagem:« chegou à ilha de Porto Santo na quinta -feira , 7 de junho de 1498 , onde parou para se abastecer de lenha e água de lenha e água e refresco e logo naquela noite partiu para a ilha da Madeira ,onde chegou no domingo seguinte , a 10 de junho .Na vila ( Funchal ) foi muito bem recebido e fizeram-lhe muita festa por ser ali muito conhecido porque ali viveu em determinada altura . Ali permaneceu seis dias abastecendo-se de água e lenha e o mais que era necessário para a viagem»
Passou também por abo Verde , arquipélago sob domínio português , onde, segundo o historiador José Manuel Garcia , foi muito bem recebido ( mais um sinal de que era bem conhecido dos portugueses ).Las Casas escreveu mesmo que , ao chegar à ilha da Boavista , « veio até aos navios o mordomo (mayordormo) responsável por aquela ilha, chamado Rodrigo Alonso , escrivão da Fazenda do rei de Portugal , oferecer ao almirante o que ele precisasse de tudo o que havia na ilha . Colon agradeceu -lhe e mandou dar-lhe o refresco de Castela o que agradou muito ao mordomo »
Em resumo , nas quatro viagens de Cristóvão Colon às Caraíbas , o navegador procurou intencionalmente fazer desvios para território português , falar com portugueses , ajudá-los e ainda aparentemente incompreensível para quem navegava sob patrocínio de dois reinos concorrentes de Portugal , Castela e Aragão , dar informações sobre o que encontrou do outro lado do Atlântico em primeira mão ao rei de Portugal ! Pode haver muita especulação sobre a especial ligação de Cristóvão Colon a Portugal e em particular a D. João II, mas uma conclusão podemos tirar : os dois eram grandes amigos . Este facto não é inventado , está provado numa carta que constitui um salvo -conduto do rei para Colon vir a Portugal em 1488 , três anos depois de sair de Portugal e ainda antes do navegador ter convencido os Reis Católicos a apoiar o seu plano para atingir a China e posteriormente a Índia , navegando pelo ocidente . Nesta carta , D João II chama inequivocamente « nosso especial amigo » a Cristóvão Colon. A carta , datada de 20 de março de 1488 , concede autorização de D João
II a Cristóvão Colon para vir a Portugal em absoluta segurança e garantia de regresso a Espanha , mostrando o rei intenção de « utilizar os seus préstimos».
«Xpoual Colon : Nós Dom João , pela graça de Deus Rei de Portugal e dos Algarves , d´Aquém e d´Além -mar em África , senhor da Guiné , desejamos muito saudar-vos .Vimos a carta que nos escreveu e a boa vontade e afeição que por ela mostrais ter ao nosso serviço e que muito agradecemos .Quanto à vossa vinda cá , certamente pelo que referis , como por outros objetivos , porque a vossa indústria e bom engenho nos serão necessários , nós a desejamos e teremos muito prazer na vossa vinda , pelo que tudo o que vos diga respeito será tratado de forma a que fiques contente .E porque , porventura tereis receio de alguma iniciativa da Justiça ( portuguesa ) por alguma coisa a que estejais obrigado , nós através desta carta asseguramos a vossa vinda ,estadia e regresso , que não sejais preso , detido , acusado , notificado nem interrogado por nenhuma razão civil ou criminal de qualquer qualidade . E por esta mesma carta ordenamos a nossa justiça ( portuguesa ) que assim façam . Por isso vos pedimos e recomendamos que a vossa vinda seja o mais rapidamente possível e que não tenhais nem receio , o que muito agradecemos e consideramos .Escrita em Avis a 20 de março de 1488 . El Rey ( Assinatura e selo real »85.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Queridos amigos podeis fazer vossos comentários.